Constituída em 1954, a Agro Ribatejo tem sabido manter- se na vanguarda do seu segmento de negócio: através de um conjunto de infra-estruturas e uma equipa de profissionais qualificados, assume a sua missão de venda de peças e acessórios para tratores industriais e agrícolas, promovendo um atendimento eficaz dos clientes, fazendo o seu acompanhamento pós-venda de forma a assegurar a sua total satisfação e garantir o bom nome e prestígio das marcas que representa.

“De pioneiros a líderes”, é a expressão que transmite o legado histórico da empresa e um posicionamento de liderança, fruto dessa condição de inovação e constante desenvolvimento.

Quais são os valores fundamentais que sustentam o sucesso da Agroribatejo?

A Agro Ribatejo pode ser considerada um caso de Sucesso pela sua longevidade e forma de estar no mercado. Penso que a Integridade a honestidade e a paixão que nos move em torno do negócio levam a que sejamos respeitados no mercado tanto pelos nossos clientes como pelos nossos fornecedores. Acho que a nossa solidez inspira confiança aos nossos parceiros, mas também somos uma empresa que ouve, aceita opiniões, elogios e críticas. Somos uma empresa que se preocupa com a imagem que transmite para fora da organização, que aprende com os erros e que os assume perante o cliente. As gerações que têm gerido esta casa têm ideias próprias e não se acomodam ao sucesso das estratégias passadas. Se as estratégias proporcionam bons resultados continuamos a segui-las caso contrário temos de ter a coragem de mudar de plano e recalcular uma nova rota. Infelizmente os tempos em que vivemos são conturbados e para chegar a bom porto temos de mudar sistematicamente os nossos ideais. Olho o passado com respeito e tenho no meu Avô José Virgílio Eloy Godinho e no meu Pai José Júlio Eloy dois exemplos a seguir, no entanto olhar só para o passado poderá levar-nos a estagnar e por vezes quem fica agarrado a estratégias passadas poderá perder grandes oportunidades. No fundo temos de ler o mercado ouvir o cliente, perceber as suas necessidades e ver sempre o cliente como centro das atenções e lembrar que só existimos para os satisfazer.

A gestão desta casa assenta em grandes ensinamentos que no fundo construíram este legado. Procuro diariamente respeitar os valores como a coesão e preservar a estrutura financeira da empresa. Cada colaborador da Agro Ribatejo sente a casa como se fosse sua e só nos interessa trabalhar com pessoas que tomem decisões e a quem possamos delegar responsabilidades. Esta confiança nos nossos colaboradores motiva, e como eu costumo dizer prefiro uma má decisão do que uma “não decisão “

Quais são as principais áreas de actuação da Agroribatejo em termos de serviços e produtos?

A Agro Ribatejo atua principalmente na área da floresta, pedreiras e obras publicas. Somos distribuidores desde 1958 da Marca BERCO que no nosso meio é considerada uma marca que fabrica produtos “Premium. Todo o material rodante das máquinas poderá ser adquirido na nossa empresa. Temos um vasto stock e um investimento enorme nos nossos armazéns. Costumo dizer que os nossos carros de alta cilindrada estão nos nossos armazéns. São os nossos avultados stocks que permitem servir o nosso cliente na hora.

Para além do material de rasto BERCO trabalhamos o material de desgaste da Metalúrgica Valchiese ( MV ) onde destaco os cantos, laminas, luvas, cavilhas e anilhas. São peças de desgaste acopladas nas máquinas para executar diverso tipo de trabalhos. Recentemente ficámos com a representação de depósitos de combustível da maraca AMA. Uma gama excecional que abarca depósitos de 100 litros até 15.000 litros. Podem ser transportáveis até 900 litros o que é uma mais valia para quem está no campo diariamente e necessita de abastecer as máquinas ou tratores. Fazemos também transformações em ceifeiras, substituindo as rodas por rastos em ferro ou borracha, permitindo ao operador por exemplo trabalhar nos campos de arroz com tração plena não atolando a máquina nos campos alagados e enlameados. Temos também rolamentos diversos, correias de distribuição, filtros e retentores para tratores e automóveis. Também para máquinas industriais e agrícolas fornecemos vidros de cabine centrais ou laterais e por fim as transmissões Bondioli Pavesi e as gadanheiras Gribaldi Salvia ( Superior ) de discos ou de pente ( corte Duplo ). Somos também fortes nos rastos em borracha e ferro da ITR. Todo o material para mini escavadoras é assegurado por esta marca que tem um vastíssima gama de produtos.

A Agroribatejo tem planos de expansão?

Em tom de brincadeira digo que o nosso plano neste momento é chegar a 2024 e no próximo dia 9 de março comemorar 70 anos de existência.

Respondendo à sua pergunta, queremos obviamente expandir o negócio para outras áreas de atuação, no entanto a falta de mão obra qualificada obriga-nos a repensar determinadas estratégias.

Voltámos a entrar recentemente no mercado Angolano e aguardamos com expectativa o resultado de forma a perceber se vale a pena expormos a determinados riscos.

Quais são os principais desafios que a Agroribatejo enfrenta actualmente no sector agrícola em Portugal?

Pelo facto da nossa designação social conter a palavra “Agro,” leva a que se pense que atuamos maioritariamente no sector agrícola. Tal não acontece. Realmente, o meu Avô fundou a Agro Ribatejo no desígnio de comercializar máquinas e acessórios agrícolas. Fascinava-o a ideia de um sector agrícola evoluído, mecanizado e produtivo, uma vez que residia o sustento de muitos milhares de famílias dependentes do que a terra lhes oferecesse. A Agro Ribatejo foi deixando aos poucos de comercializar as charruas e as fresas, ficando apenas com as gadanheiras. A seca leva à falta de pastos o que condiciona pelo segundo ano consecutivo a venda deste nosso produto.

“De pioneiros a líderes”, esta expressão transmite o legado da empresa. Que estratégia está desenhada para continuar um rumo de inovação e constante desenvolvimento?

Estamos atentos ao mercado e às suas oportunidades. Atuamos em tantas frentes ligadas ao nosso negócio, que pode ser um risco partir para o desconhecido. Praticamente conseguimos comercializar material para 90 % das máquinas agrícolas e industriais a trabalhar no nosso País. Facilmente importamos todo o tipo de material que não temos stock ou que não faz parte da nossa gama de produtos. Para sermos líderes temos de estar muito focados no nosso negócio principal. Vamos acompanhando todas as evoluções e inovações, tentando perceber o que o mercado nos pede. Os depósitos de combustível e AdBlue são um bom exemplo disso. Com os aumentos sucessivos dos combustíveis a armazenagem tornou-se uma mais valia para o cliente e conseguimos uma representação muito forte que tem sido muito bem recebida pelos nossos clientes. Curiosamente até já vendemos um depósito de 15.000 litros para jet fuel para abastecer helicópteros.

Como é que a empresa lida com a evolução tecnológica na agricultura?

Falando no meu sector, os tratores agrícolas / industriais de rastos sofreram poucas alterações no material de desgaste e todas as que foram feitas prejudicaram e muito os proprietários das máquinas. Sistemas de rastos patenteados que obrigam a um esforço financeiro enorme sempre que se pretende fazer uma reparação levam a que os clientes nos procurem para fazer alterações a esses sistemas, passando novamente para sistemas convencionais ou clássicos.

Quais são os principais factores que diferenciam a Agroribatejo de outras empresas do sector?

Respeitar o nosso cliente e saber viver com a concorrência é o factor que nos diferencia. Só assim quero estar no mercado. O facto de centrarmos as nossas energias para o cliente leva a que consigamos superar as suas expectativas. Ao longo de tantos anos são poucos os clientes que não tiveram o seu problema resolvido pela equipa da Agro Ribatejo. São os nossos profissionais que fazem o cliente voltar e fidelizar-se. Não criticamos a nossa concorrência e percebemos que alguns concorrentes que cresceram graças à Agro Ribatejo, que foram nossos parceiros e que nem faziam a ideia do que era um parafuso preocupam-se mais em denegrir o nosso material do que valorizar o material que vendem. A falta de ética de determinados players do sector faz com que sejamos ainda mais fortes.

Os nossos stocks avultados são também uma mais valia. Investimos imenso em stock que fica parado meses nos nossos armazéns, mas que garante ao cliente que não fica com a máquina parada por falta de material. A BERCO por exemplo tem entregas de 3 a 4 meses por isso temos de gerir muito bem os stocks para não corrermos o risco de rotura.

O facto de trabalharmos marcas Premium valoriza muito a nossa imagem. As condições em que as máquinas trabalham, sempre levadas ao extremo, necessitam de material fiável e o cliente sabe que na Agro Ribatejo encontra um produto que lhe garante um trabalho sem paragens forçadas.

Os nossos colaboradores são também um factor de diferenciação pois queremos a nossa equipa sempre alinhada com o cliente. São atenciosos e muito profissionais dando resposta quase imediata a centenas de propostas que nos chegam diariamente.

Qual é a sua opinião sobre o papel da agricultura nacional no desenvolvimento do país?

Vejo a agricultura nacional como um dos motores da nossa Economia e das nossas importações ajudando equilibrar a nossa balança comercial. Temos terras, temos uma agricultura cada vez mais evoluída temos agricultores a investir em máquinas de maior porte e depois temos uma falta de estratégia enorme para o desenvolvimento do sector agro-alimentar e agro-florestal. É necessário que os nossos Governantes assegurem o desenvolvimento e o crescimento sustentável do sector agrícola Nacional. Espanha e França por exemplo estão a utilizar verbas do PRR para tornar o sector mais competitivo. Os nossos agricultores anseiam e desesperam por medidas e cabe ao Estado Português entrar em cena o mais rapidamente possível. Sinceramente fiquei apreensivo com todos os testemunhos que fui ouvindo por parte dos agricultores durante a Feira Nacional de Agricultura. Ninguém me soube explicar o porquê das medidas que foram aprovadas em 2022 não chegarem aos agricultores.

As Verbas do PRR não deviam servir para investir na gestão eficiente da água? Espanha por exemplo investiu 25 milhões. Fiquei incrédulo quando percebi que em Portugal apenas se investiu 300 mil euros.

Temos os agricultores com menos ajudas, menos subsídios logo menos competitivos. A Economia nacional sofre com esta situação. A título de exemplo temos a subida do preço dos fertilizantes que juntando à seca severa antevê perdas de produção obrigando a um aumento do preço dos produtos.

Como descreveria a importância do seu pai, José Júlio Eloy, no crescimento e desenvolvimento da Agroribatejo?

Antes de falar no meu Pai terei de fazer uma pequena resenha e claro falar no meu Avô José Virgílio Eloy Godinho. Foi ele o mentor deste projeto e o grande maestro. É graças a ele que nós hoje estamos aqui a debater ideias. Sendo uma Empresa de cariz Familiar a Agro Ribatejo tem uma cultura muito vincada e muito própria que assenta naturalmente nas raízes do seu Fundador. Esforço, Rigor, Sacrifício, Empenho e Dedicação foram as suas armas. A sua visão de negócio e as suas ambições obrigavam-no a rodear-se de pessoas que estavam determinadas a seguir as suas ideias e convicções. O meu Pai, José Júlio Eloy, conhecia bem os métodos e as exigências do meu Avô e começa a trabalhar aos 18 Anos na Agro Ribatejo, semanas depois de esta ter aberto ao público. Vida pouco facilitada e com uma enorme vontade de vencer tomou conta da casa, sempre com a supervisão do meu Avô, que mais tarde saiu para Lisboa para assegurar a abertura de outros negócios com o meu Tio José Virgílio Eloy, negócios esses também ligados à nossa área de actividade.

O meu Pai foi um gestor extraordinário e na sua época foi erguendo a menina dos seus olhos tendo uma relação humana extraordinária com os clientes, colaboradores, parceiros e fornecedores. Respeitado tanto a nível nacional como internacional cumpriu sempre com a palavra e deixou uma imagem que tocou a todos os que interagiram com ele tanto particularmente como profissionalmente. Foi um Homem extraordinário que soube construir e alavancar esta casa que até aos dias de hoje se mantem forte e saudável.

Não imagina as saudades que tenho não só do meu Pai, como do José Júlio Eloy que trabalhava comigo diariamente. Discutíamos os negócios e tínhamos obviamente ideias diferentes, no entanto ambos saíamos a ganhar pois as cedências levam a novas experiências e no nosso caso maioritariamente de sucesso. Fomos inseparáveis na nossa relação Pai/Filho e foi de forma inteligente que me foi alimentando o gosto pelo comércio e que me fez apaixonar por este negócio. Recordo com grande alegria o percurso que tive a sorte de fazer junto do meu Pai. Um professor da vida que mesmo num estado avançado da doença se preocupava com tudo o que se passava na empresa e com os seus colaboradores. Recordo um episódio quando vínhamos de um tratamento. Pedia-me sempre para passar pela empresa ou pelos armazéns. Os seus olhos clínicos davam a volta a tudo e ficava descansado pois todos nós desempenhávamos o mesmo papel estando ou não estando o Sr. Eloy. Era um orgulho para ele.  Um dia ao entrarmos no armazém percebeu que eu tinha feito compras avultadas e disse-me: “Gonçalo olha que este material tem de ser pago e está aqui muito ferro “Tranquilizei-o, pois, a minha aposta agressiva prendia-se com a escassez de material e com o aumento sucessivo do mesmo. Ainda tive a possibilidade de lhe dizer que o material além de estar pago estava vendido e que uma nova encomenda vinha a caminho. O brilho nos seus olhos e o seu olhar disse tudo. Foi talvez a última vez que falámos sobre a sua menina, a Agro Ribatejo, que cresceu e se desenvolveu com a sua mestria.